terça-feira, 20 de janeiro de 2009

OBAMA “UM BRASILEIRO” NA CASA BRANCA


“E a esperança venceu o medo”, pela segunda vez

Num de meus artigos anteriores, A Teia Sistêmica da Vida, eu falava dos ciclos que levam ao que, Fritjof Capra chamou de “O Ponto de Mutação”.

Acredito que ninguém tem a menor duvida de que a derrocada do Império Americano, traduz fielmente o que poderíamos chamar do ponto crucial de uma curva de baixa que afeta, direta e indiretamente a todo o mundo, capitalista ou não.

Um presidente Americano Negro, por si só, já seria a quebra de um paradigma impensável há 20 anos. Nem países como o Brasil, que tem a maior população negra fora do continente Africano conseguiu romper essa barreira, quanto mais os EUAs e suas “castas” irlandesas de Etnias transplantadas, como relatou um dos maiores “Brasilianistas”, Darcy Ribeiro.

A verdade e que “Culturas transplantadas” (EUA) ou “Povos Novos” (Brasil) sempre carregaram o paradigma histórico da superioridade racial “branca”, velada ou explicita.

Desta forma, a eleição de um Negro e, mais do que isso, de um Negro erudito com pai e mãe Doutores (a primeira vez na historia Americana) marca uma ruptura que implica numa importante inflexão de curva e a isso, podemos chamar de “Ponto de mutação” . Falarei mais sobre isso quando analisar o potencial do Brasil e da Raça Brasileira, tema que introduzi com a ultima entrevista de Peter Drucker, dada a um repórter brasileiro.

Obama, e o presidente mais “Brasileiro” que a America poderia ter. Não apenas pelo fato de sua cor, mas sobretudo porque nos parece uma pessoa “leve”, alegre e bem humorada. Mais que isso, suas raízes humildes de terceiro mundo, certamente deve ter impresso algum resídual em sua carga genética.

Não há a menor duvida, também, de que Barack Hussein Obama, cujo próprio nome já representaria um imenso desafio, ao suceder George W. Bush, que vai ficar na historia como o pior presidente Americano de todos os tempos, recebe o maior presente que poderia receber.

Não! Não estou dizendo que seu desafio será fácil, na verdade será um desafio monumental, mas convenhamos, suceder Bush, em qualquer conjuntura, representa algo bem mais fácil do que seria suceder Bill Clinton, por exemplo.

Mas indiscutível e emblemático é que, Obama rompe o paradigma das etnias na America e inicia um novo ciclo da “dominação” do Império Americano relativamente ao restante do mundo. Que seja uma dominação onde os dominados não sejam “vassalizados”, como tem sido nas ultimas décadas.

Evidente que o maior desafio de um Obama Universalista estará bem no seio do próprio Partido Democrata, cujas idéias bem conhecemos, são tradicionalmente conservadoras e não creio que haja toda a “liberdade” que se presume. Mesmo que tenhamos nos livrado de um partido Republicano que tradicionalmente esta associado ao chamado WAST (“White Anglo-saxon Protestant), uma espécie de antítese quando pensamos em “Multiracialidade”.

Não podemos nos esquecer que o “salvamento” da economia Americana passa, obrigatoriamente, por uma evolução importante do “influxo” de capitais que historicamente financia o imenso déficit comercial daquele Pais. Claro que, de uma forma ou de outra, essa operação de salvamento devera ser “paga” pelo resto do mundo. Não podemos ser ingênuos a ponto de acreditar em contos da “carochinha”... e não poderia ser diferente, já que a dialética do Capitalismo determina que a remuneração do capital se da por uma espécie de “socialização de perdas”.

Bem, o mundo esta em festa e revive o sonho de Martin Luther King e lhe da uma dimensão universal. Ao mesmo tempo, ressuscita a mística de John F. Kennedy que, entretanto, não conseguiu, ao seu tempo, impedir a Guerra do Vietnã. O importante e que todos nos, cientes da importância e do momento histórico em que isso ocorre, vivemos a esperança de um maior equilíbrio e que as diferenças e os conflitos de interesse, embora continuem a existir, não se mantenham dentro da polarização que temos acompanhados nas ultimas décadas e que tem sido altamente destrutiva para o Planeta e sua população, o que obviamente nos inclui.

Diferentemente de outras crises do capitalismo, são os “emergentes” onde o Brasil ocupa lugar de destaque, que representarão o “fiel” da balança num mundo interconectado. Portanto, vida longa a Obama e suas idéias ideais. Que ele seja mais forte do que as pressões as quais estará submetido. E, como disse provavelmente o Ex-presidente Thomas Jefferson, a quem a frase e atribuída, (mas há controvérsias), “o preço da liberdade é a eterna vigilância”.



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