segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

CRÔNICAS DE VERÃO – Três


"Diário de Bordo"

Data Estelar JD 2454849,5 ...

O dia amanheceu absolutamente azul... algo impensável depois da chuva torrencial que começou na madrugada de Sexta e se estendeu, impiedosamente por todo o Sábado.

Na Sexta, depois de uma semana atribulada que representou um “tour” por quatro cidades e uma rodagem de cerca de 2.000 km, o corpo e a mente já reclamava uma pausa. Assim que, o retorno penoso de estrada cheia e encharcada, mais a sonolência e a estafa das muitas horas de vigília, reclamavam algumas horas de ócio.

Penalizado com tudo isso, São Pedro, generosamente nos deu um Domingo impecavelmente azul, luminoso e com cheiro de mar. Este chegou pelo celular, num convite pra navegar...

Porto belo, La fomos ...

Estrada cheia com a presença marcante dos “Hermanos”, Argentinos e Uruguaios que haviam sumido nos últimos anos quando, principalmente a Argentina, que teve sua economia Esfacelada. Porem, com a garra peculiar e o sangue hispânico que lhes corre nas veias, se recuperaram e aqui estão eles a percorrer, como formigas, as 116 praias do Litoral de Santa Catarina.

Lembro, e não faz muito tempo, eles vinham em seus pequenos Renaults que mal pareciam pequenas “caixinhas de fósforos”. Hoje não, seus carros são a prova de que as coisas por La, como por aqui, melhoraram nos últimos anos...

Percorridos os 65 km que separam Florianópolis de Porto Belo, já temos pela frente um engarrafamento digno das marginais de Sampa. Mas, nada de estresse, nada de neuras, pois temos os antídotos perfeito que são o sol, a brisa e o cheiro de mar...

Passo a passo nosso carro vai avançando e, ao mesmo tempo, vamos nos deliciando com as ruas e lojas fervilhando de gente em altíssimo astral. Entre chapéus, chinelos, esteiras, mascaras de mergulho... brilham os bronzeados (às vezes avermelhados...) de gente feliz como a gente vendo um filme passar em slow pela nossa janela.

A placa avisa que o a cesso ao “caixa d”aço” será a primeira à esquerda. Agora são poucos kms e uma alegria vai tomando conta de nosso peito... o verde fica mais verde; o mar fica mais azul turquesa e gaivotas e fragatas flutuam como “pipas”, ao sabor dos ventos, observando tudo.

Chegamos ao topo da montanha onde surgem diante dos nossos olhos, três imensos transatlânticos , um do lado do outro. Parecem cidades flutuantes, cada um com cerca de 2 a 3 mil “veranistas” que tem o privilegio de repousar sobre as águas belas e cálidas de Porto Belo.

Chegamos ao Caixa D”Aço, que mais se assemelha a uma imensa piscina onde repousa uma infinidade de embarcações, desde barcos de pesca ate imensos iates de mais de 60 pés.

Estacionamos o carro e descemos os 110 degraus que nos separam da praia. Já podemos ver, ao fundo, como um belíssimo postal, o remanso das águas tão azuis, refletindo o céu e a vegetação exuberante de Mata Atlântica (um pouco dos 7% que ainda nos restam). E nessa hora, damos graças ao fato de estarmos vivos e em perfeita harmonia com a Natureza.

Um bote nos espera e em segundos estamos no Barco que flutua ao lado de inúmeros bares de um colorido caribenho. Estamos todos encantados e leves... damos risadas, contamos causos e esquecendo por completo das agruras do dia a dia maluco e dos desafios de sempre.

Daniel, o marinheiro, leva o Barco com toda segurança pelas águas mansas infestadas de outros e incontáveis barcos. Logo, já estamos alinhados a escunas repletas de gente de todos os tipos e nacionalidades. A seguir, passamos pelos extraordinários monumentos que são os transatlânticos.

Trinta minutos depois, chegamos à praia da “sepultura” cujo nome, reza a lenda, alusivo ao fato de que no passado foi palco de naufrágios de caravelas, não traduz em nada o remanso que representa com suas águas mornas, cuja salinidade nos faz flutuar magicamente e onde podemos mergulhar de “apneia” para conversar com os peixinhos multicoloridos.

Assim, o dia voa como as gaivotas ou as brisas tropicais. Logo, logo, já estamos no píer onde deixamos um pedaço de nossos corações e a promessa de voltar em breve. Uma imensa vontade de ficar toma conta da gente. Mas temos que ir... amanha será, como dizem, “o primeiro dia do resto de nossas vidas” e estamos absolutamente reabastecidos e prontos para “navegar”.

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