segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

CRISE x OPORTUNIDADE



O FUTURO SE FAZ NO PRESENTE

Encontra-se em marcha, uma conjunção de fatores que poderá impactar consideravelmente os rumos da economia brasileira nos próximos 10 anos e, por conseguinte, a vida ou a qualidade de vida, dos brasileiros que vivem no Brasil.

Já tenho escrito sobre esse tema e pretendo me aprofundar um pouco mais, pois considero que, mais do que uma intuição minha, os fatos econômicos e históricos estão construindo um mosaico extremamente favorável para o Brasil, se soubermos tirar proveito dessa conjuntura.

Claro que não ha oportunidade sem riscos e por certo, os ajustes nas principais economias do planeta podem pender a balança dos fluxos de capitais, mas nada se configura totalmente imprevisível como sabemos em economia.

Também sabemos que as mudanças importantes, antes de se materializarem, representam "sinais" que, com um mínimo de observação e sensibilidade, podemos captar.

Portanto, quero aproveitar este espaço para chamar a atencao para o resultado consolidado da entrada de capital no Brasil no ano de 2008. O chamado IED (Investimentos Estrangeiros Diretos) bateu o recorde histórico de 1947, fechando Dezembro em U$8,1 Bilhões, também um recorde para o mes e fechando o ano com R$45,1, contra R$30,1 no ano anterior, ou seja, representa um crescimento de 30,3% sobre o resultado de 2007 (leia mais).

Se considerarmos que o ultimo ano, principalmente o terceiro trimestre, foi de grande volatilidade e especulacoes, alem de sucessivas baixas nas bolsas de valores ao redor do mundo, esse resultado mostra-se altamente auspicioso para nossa economia.

Mesmo que tenhamos fechado o ano com um déficit em transações correntes elevado, o pior desde 2002, o Brasil da sinais de que representa um "porto seguro" para os investimentos externos o que, convenhamos, em meio a uma das maiores crises de "credibilidade" da historia recente, pode representar um marco fundamental para consolidar uma tendência de crescimento demonstrada nos ultimos anos.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

OBAMA “UM BRASILEIRO” NA CASA BRANCA


“E a esperança venceu o medo”, pela segunda vez

Num de meus artigos anteriores, A Teia Sistêmica da Vida, eu falava dos ciclos que levam ao que, Fritjof Capra chamou de “O Ponto de Mutação”.

Acredito que ninguém tem a menor duvida de que a derrocada do Império Americano, traduz fielmente o que poderíamos chamar do ponto crucial de uma curva de baixa que afeta, direta e indiretamente a todo o mundo, capitalista ou não.

Um presidente Americano Negro, por si só, já seria a quebra de um paradigma impensável há 20 anos. Nem países como o Brasil, que tem a maior população negra fora do continente Africano conseguiu romper essa barreira, quanto mais os EUAs e suas “castas” irlandesas de Etnias transplantadas, como relatou um dos maiores “Brasilianistas”, Darcy Ribeiro.

A verdade e que “Culturas transplantadas” (EUA) ou “Povos Novos” (Brasil) sempre carregaram o paradigma histórico da superioridade racial “branca”, velada ou explicita.

Desta forma, a eleição de um Negro e, mais do que isso, de um Negro erudito com pai e mãe Doutores (a primeira vez na historia Americana) marca uma ruptura que implica numa importante inflexão de curva e a isso, podemos chamar de “Ponto de mutação” . Falarei mais sobre isso quando analisar o potencial do Brasil e da Raça Brasileira, tema que introduzi com a ultima entrevista de Peter Drucker, dada a um repórter brasileiro.

Obama, e o presidente mais “Brasileiro” que a America poderia ter. Não apenas pelo fato de sua cor, mas sobretudo porque nos parece uma pessoa “leve”, alegre e bem humorada. Mais que isso, suas raízes humildes de terceiro mundo, certamente deve ter impresso algum resídual em sua carga genética.

Não há a menor duvida, também, de que Barack Hussein Obama, cujo próprio nome já representaria um imenso desafio, ao suceder George W. Bush, que vai ficar na historia como o pior presidente Americano de todos os tempos, recebe o maior presente que poderia receber.

Não! Não estou dizendo que seu desafio será fácil, na verdade será um desafio monumental, mas convenhamos, suceder Bush, em qualquer conjuntura, representa algo bem mais fácil do que seria suceder Bill Clinton, por exemplo.

Mas indiscutível e emblemático é que, Obama rompe o paradigma das etnias na America e inicia um novo ciclo da “dominação” do Império Americano relativamente ao restante do mundo. Que seja uma dominação onde os dominados não sejam “vassalizados”, como tem sido nas ultimas décadas.

Evidente que o maior desafio de um Obama Universalista estará bem no seio do próprio Partido Democrata, cujas idéias bem conhecemos, são tradicionalmente conservadoras e não creio que haja toda a “liberdade” que se presume. Mesmo que tenhamos nos livrado de um partido Republicano que tradicionalmente esta associado ao chamado WAST (“White Anglo-saxon Protestant), uma espécie de antítese quando pensamos em “Multiracialidade”.

Não podemos nos esquecer que o “salvamento” da economia Americana passa, obrigatoriamente, por uma evolução importante do “influxo” de capitais que historicamente financia o imenso déficit comercial daquele Pais. Claro que, de uma forma ou de outra, essa operação de salvamento devera ser “paga” pelo resto do mundo. Não podemos ser ingênuos a ponto de acreditar em contos da “carochinha”... e não poderia ser diferente, já que a dialética do Capitalismo determina que a remuneração do capital se da por uma espécie de “socialização de perdas”.

Bem, o mundo esta em festa e revive o sonho de Martin Luther King e lhe da uma dimensão universal. Ao mesmo tempo, ressuscita a mística de John F. Kennedy que, entretanto, não conseguiu, ao seu tempo, impedir a Guerra do Vietnã. O importante e que todos nos, cientes da importância e do momento histórico em que isso ocorre, vivemos a esperança de um maior equilíbrio e que as diferenças e os conflitos de interesse, embora continuem a existir, não se mantenham dentro da polarização que temos acompanhados nas ultimas décadas e que tem sido altamente destrutiva para o Planeta e sua população, o que obviamente nos inclui.

Diferentemente de outras crises do capitalismo, são os “emergentes” onde o Brasil ocupa lugar de destaque, que representarão o “fiel” da balança num mundo interconectado. Portanto, vida longa a Obama e suas idéias ideais. Que ele seja mais forte do que as pressões as quais estará submetido. E, como disse provavelmente o Ex-presidente Thomas Jefferson, a quem a frase e atribuída, (mas há controvérsias), “o preço da liberdade é a eterna vigilância”.



segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

CRÔNICAS DE VERÃO – Três


"Diário de Bordo"

Data Estelar JD 2454849,5 ...

O dia amanheceu absolutamente azul... algo impensável depois da chuva torrencial que começou na madrugada de Sexta e se estendeu, impiedosamente por todo o Sábado.

Na Sexta, depois de uma semana atribulada que representou um “tour” por quatro cidades e uma rodagem de cerca de 2.000 km, o corpo e a mente já reclamava uma pausa. Assim que, o retorno penoso de estrada cheia e encharcada, mais a sonolência e a estafa das muitas horas de vigília, reclamavam algumas horas de ócio.

Penalizado com tudo isso, São Pedro, generosamente nos deu um Domingo impecavelmente azul, luminoso e com cheiro de mar. Este chegou pelo celular, num convite pra navegar...

Porto belo, La fomos ...

Estrada cheia com a presença marcante dos “Hermanos”, Argentinos e Uruguaios que haviam sumido nos últimos anos quando, principalmente a Argentina, que teve sua economia Esfacelada. Porem, com a garra peculiar e o sangue hispânico que lhes corre nas veias, se recuperaram e aqui estão eles a percorrer, como formigas, as 116 praias do Litoral de Santa Catarina.

Lembro, e não faz muito tempo, eles vinham em seus pequenos Renaults que mal pareciam pequenas “caixinhas de fósforos”. Hoje não, seus carros são a prova de que as coisas por La, como por aqui, melhoraram nos últimos anos...

Percorridos os 65 km que separam Florianópolis de Porto Belo, já temos pela frente um engarrafamento digno das marginais de Sampa. Mas, nada de estresse, nada de neuras, pois temos os antídotos perfeito que são o sol, a brisa e o cheiro de mar...

Passo a passo nosso carro vai avançando e, ao mesmo tempo, vamos nos deliciando com as ruas e lojas fervilhando de gente em altíssimo astral. Entre chapéus, chinelos, esteiras, mascaras de mergulho... brilham os bronzeados (às vezes avermelhados...) de gente feliz como a gente vendo um filme passar em slow pela nossa janela.

A placa avisa que o a cesso ao “caixa d”aço” será a primeira à esquerda. Agora são poucos kms e uma alegria vai tomando conta de nosso peito... o verde fica mais verde; o mar fica mais azul turquesa e gaivotas e fragatas flutuam como “pipas”, ao sabor dos ventos, observando tudo.

Chegamos ao topo da montanha onde surgem diante dos nossos olhos, três imensos transatlânticos , um do lado do outro. Parecem cidades flutuantes, cada um com cerca de 2 a 3 mil “veranistas” que tem o privilegio de repousar sobre as águas belas e cálidas de Porto Belo.

Chegamos ao Caixa D”Aço, que mais se assemelha a uma imensa piscina onde repousa uma infinidade de embarcações, desde barcos de pesca ate imensos iates de mais de 60 pés.

Estacionamos o carro e descemos os 110 degraus que nos separam da praia. Já podemos ver, ao fundo, como um belíssimo postal, o remanso das águas tão azuis, refletindo o céu e a vegetação exuberante de Mata Atlântica (um pouco dos 7% que ainda nos restam). E nessa hora, damos graças ao fato de estarmos vivos e em perfeita harmonia com a Natureza.

Um bote nos espera e em segundos estamos no Barco que flutua ao lado de inúmeros bares de um colorido caribenho. Estamos todos encantados e leves... damos risadas, contamos causos e esquecendo por completo das agruras do dia a dia maluco e dos desafios de sempre.

Daniel, o marinheiro, leva o Barco com toda segurança pelas águas mansas infestadas de outros e incontáveis barcos. Logo, já estamos alinhados a escunas repletas de gente de todos os tipos e nacionalidades. A seguir, passamos pelos extraordinários monumentos que são os transatlânticos.

Trinta minutos depois, chegamos à praia da “sepultura” cujo nome, reza a lenda, alusivo ao fato de que no passado foi palco de naufrágios de caravelas, não traduz em nada o remanso que representa com suas águas mornas, cuja salinidade nos faz flutuar magicamente e onde podemos mergulhar de “apneia” para conversar com os peixinhos multicoloridos.

Assim, o dia voa como as gaivotas ou as brisas tropicais. Logo, logo, já estamos no píer onde deixamos um pedaço de nossos corações e a promessa de voltar em breve. Uma imensa vontade de ficar toma conta da gente. Mas temos que ir... amanha será, como dizem, “o primeiro dia do resto de nossas vidas” e estamos absolutamente reabastecidos e prontos para “navegar”.