terça-feira, 10 de março de 2009

O EXECUTIVO GLOBAL NA PRATICA


Quando no primeiro artigo sobre o ambiente que determinou o surgimento de um novo perfil de profissionais, ditos Globais, levamos em consideração não apenas o ritmo acelerado das mudanças, mas acima de tudo, que a coexistência e interação multicultural ao redor do planeta, determinaram o que poderíamos chamar de um novo “estado de coisas”.

Não por acaso, um dos principais atributos do perfil de um EXECUTIVO GLOBAL, representa o seu caráter integracionista a partir do qual e dado a ele a capacidade de transitar harmonicamente pela pluralidade que se tornaram empresas e mercados.

O “campo de batalha” do marketing continua a ser a “mente” do cliente sendo, portanto, como diriam Al Ries e Jack Trout em seu consagrado Best seller "As 22 consagradas leis do Marketing", uma “guerra de percepções”. Imagine então, essa “guerra” de percepções ocorrendo num mercado atemporal e multi-espacial onde o choque de culturas tão diversas determina um grau de flexibilidade e conhecimento sem precedentes na historia da humanidade.

Mais ainda, o primeiro “cliente” da empresa tem que ser obrigatoriamente seu “empregado”, hoje chamado de colaborador. Logo, os executivos atuais têm dois “mercados” desafiadores a conquistar: o de seus colaboradores em primeira instancia e depois o mercado consumidor dos seus produtos e serviços.

Se imaginarmos que a fidelidade do cliente representa uma “meta defendida pelo goleiro que joga na seleção”, como dizia a canção, temos que partir da consciência que o processo de fidelização representa um desafio diário onde o jogo e jogado nesses dois importantes campos.

Na verdade, quando falamos em clientes internos e externos, estamos cada vez mais próximos de estabelecer quase que uma simbiose entre os dois. Ou seja, bem sucedidas hoje, são as empresas que possuem executivos que são capazes de tornar cada vez mais congruentes os interesses de clientes internos e externos. Pois que cada vez melhores processos de fidelização, propiciam que os clientes participem ativamente da engenharia de produtos e serviços das empresas, dentre outras importantes contribuições (como posicionei no meu artigo "Empresas na Velocidade do Pensamento".


Nesse contexto, os executivos passaram (na verdade estão passando) pelo que poderíamos chamar, desculpem-me o termo, por um processo de “reengenharia” do perfil do executivo em tempos de competição multiambiental e policultural. Depois da chamada “era dos especialistas” que sucedeu a “era dos generalistas” vivemos hoje uma espécie de fusão de ambas, no que podemos chamar de “a era dos multiespecialistas generalistas” (também achei horrível o termo!), mas com a determinação de atributos de perfil totalmente diverso de tudo que já conhecemos nos últimos 100 anos.


Dias atrás, quando discutia o tema com minha amiga Cristina Folli (empresaria diretora da Idecaph - Instituto de Desenvolvimento do Capital Humano, ela sim, uma especialista nesse assunto, me dizia da forma bem humorada que lhe e peculiar, que o EXECUTIGO DE PERFIL GLOBAL, deveria ser o Executivo PLOC (isso mesmo, igual ao chiclete...rsss.) Dizia ela:


No cenário atual, ser bem sucedido como executivo implica em desempenhar simultaneamente as funções de Planejamento, Liderança, Organização e Controle

. Simples assim: Executivos PLOC. Chicletes!

Mastigáveis e doces até certo ponto.


Resilientes: mudam de forma e ajustam-se rapidamente aos novos padrões.

Você pode até fazer bola com eles. Mas se passar do ponto explodem.


No Planejamento deverão estabelecer estratégias, definir metas e criar planos para integrar atividades.


Na Liderança gerenciam conflitos, dirigem, coordenam e motivam pessoas estimulando os resultados através delas.


Organizam e gerenciam a estrutura da equipe, distribuindo e agrupando tarefas entre áreas e pessoas, delegando tarefas e autoridade sempre que necessário.


Controlam o desempenho monitorando indicadores, acompanhando as metas estabelecidas e coordenado a retomada quando há desvios nessas metas.


Dentre os principais papéis a serem desempenhados pelos Executivos Globais, encontram-se:


- O Decisor: a quem compete empreender, gerenciar turbulências, alocar recursos e negociar.


- O Comunicador: aquele que monitora os acontecimentos, dissemina informações e age como porta voz das necessidades de sua equipe,


- O Catalisador: que conduz a equipe na direção do objetivo comum e, na forma de figura de proa, lidera e liga as partes para formar o todo.


Finalmente, completa-se a figura do Executivo Global com uma boa dose de conhecimentos técnicos e específicos da área ou organização que este representa.


Desenvolver uma equipe de alto desempenho passa, inicialmente, pelo reconhecimento dos eventuais gaps no conjunto de papéis, funções e habilidades apresentados pelo executivo que a comanda.”


Assim, o EXECUTIVO GLOBAL representa um ser multifacetado (na verdade multi-especializado e generalista, como falamos, num grau de profundidade jamais visto em nenhuma outra época).


E para que esse tais atributos possam emergir num executivo, alguns pré-requisitos são básicos e determinantes:


Humildade para desaprender, reaprender e aprender:


Essa característica representa um atributo que bem foi descrito por Mario Sergio Cortella em seu livro “Qual e a tua obra” onde ele enfatiza a necessidade do executivo se livrar da “arrogância” do “saber tudo” e, ao contrario, que prega que o não saber tudo de tudo representa o ponto de partida para desconstruir e reconstruir o saber do nosso tempo onde tudo ou parte das “verdades” conhecidas, principalmente as relacionadas a mercados e comportamentos de consumo, em síntese, do próprio comportamento humano, estão em movimento e mutacao.


Capacidade para assumir riscos


Podemos dizer que os executivos globais vivem “no fio da navalha”. Não que tenha sido diferente nas ultimas décadas, mas hoje, acima de tudo e diferentemente de outras épocas e dados os processos acelerados de mudanças, o risco maior esta em ficar “parado”, ou seja, não correr riscos torna-se bem mais arriscado para um negocio do que arriscar.


Claro que os riscos devem ser calculados e, na medida do possível, minimizados pelo conhecimento e pelo domínio das informações estratégicas que impactam nas ações de risco, como por exemplo, lançar um novo produto bem diferente do que existe no mercado; assumir uma divida em função de um novo projeto e assim por diante. Nesse aspecto, uma forma importante de minimizar os riscos que um executivo esta e estará de agora em diante submetido esta em:


Conhecer e valorizar as diferenças de sua equipe


Um pré-requisito para o sucesso de um negocio esta em:


· Estabelecer critérios e metodologias que permitam determinar e formalizar as características básicas de cada uma das funções contidas na organização;

· Detectar dentre os colaboradores, as características e atributos que permitem que, não apenas o potencial de cada um seja bem aproveitado como também determinar de que formas as diferenças, em geral complementares, podem ser convertidas em vantagem competitiva.


Somente através do pleno conhecimento de tais atributos e da construção de equipes multidisciplinares de alto desempenho, onde as diferenças fortalecem o todo, sera possível assumir posições de risco calculado, aqueles necessários que evitam a “paralisia organizacional”.


Nesse sentido, existem recursos capazes de apoiar projetos de formação e gerenciamento de perfis adequando-os aos objetivos estratégicos e operacionais das empresas. Um desses recursos, por exemplo, e o PI (Predictive Índex) oferecido no Brasil pela Praendex Brasil.


Dizer não a condutas Workaholics


Na década de 80 e 90 um dos principais atributos dos executivos era aquele que determinava jornadas intermináveis de trabalho, que alias, mais se assemelhavam a uma espécie de compulsão pelo trabalho e na verdade, determinavam das duas uma:


· Ou o executivo era um péssimo administrador, incapaz de formar equipes e delegar ou;

· Eram pessoas anti-sociais que buscavam de uma forma escapista fugir do convívio da família e dos “amigos” que na verdade nem tinham...


Esses executivos morreram de infarto ou de cirrose hepática antes mesmo de completar 60 anos ou sobreviveram, se aposentaram e viram suas vidas perder o sentido... mas o fato e que não teriam a menor chance de sobreviver no século XXI onde integração e interação social são determinantes.


O executivo Global de hoje tem vida própria fora da empresa; vive a família; faz exercícios físicos; busca dietas equilibradas; tem vida social; hobbies; tem o habito da leitura e acesso multimeios; vivencia a cultura; participa de ações beneficentes e, acima de tudo, se preocupa com a saúde do planeta.

Vejam, há quem possa dizer que tracei o perfil do Papa João Paulo II, mas pense bem. Quem são os executivos que estão se dando bem hoje...


Por exemplo, qualquer executivo que não contemple ações que associam as atividades organizacionais de sua empresa aos cuidados de preservação do meio ambiente, certamente estara levando sua empresa para o “buraco” num futuro não muito distante...


“Antever o futuro”


Todas as mudanças grandes ou pequenas, antes de se revelarem para todos os “mortais” apresentam indícios de que irão ocorrer. Para um observador astuto e bem preparado tais sinais são contundentes, o chamado “caminho das pedras”!.


Isso nos leva a mais um importante atributo, talvez um dos mais importantes pois e ele que permite que os executivos possam assumir riscos sem comprometer a segurança do negócio ao mesmo tempo sem sofrer as ameaças da imobilidade, que num certo sentido são um risco ainda maior, como foi dito.

Essa necessidade faz com que o executivo seja um eterno pesquisador de tendências. E para que isso seja possivel, processualmente ele deve estabelecer como praticas corrente:


· Duvidar do seu próprio conhecimento;

· Manter um dialogo aberto com seus colaboradores;

· Estabelecer relacionamentos em rede com pessoas relacionadas;

· Criar e alimentar uma rede de “canais de conteúdo” relacionados;

· Estar sempre atento aos movimentos dos concorrentes;

· Enxergar como concorrentes empresas que hoje não são, mas poderão ser num futuro próximo;

· Duvidar permanentemente do sucesso de hoje se repetir no futuro com base nas mesmas premissas de hoje.


Afinal, a premissa básica para que um negocio fracasse e que ele tenha um relativo sucesso hoje. Como dizia uma frase que ouvi certa vez “o chão anda para trás”!


Bem, uma vez discutido o perfil e os atributos do EXECUTIVO GLOBAL, fruto de uma nova ordem competitiva mundial, creio que se faz necessário discutir que equipes um executivo deve formar para enfrentar essa nova realidade. Assim, estaremos abordando num próximo artigo, o que hoje chamamos de equipes de alto desempenho, onde o envolvimento e participação desses novos EXECUTIVOS serão determinantes.