quinta-feira, 11 de dezembro de 2008


Empresas "Na Velocidade do Pensamento” II

Episódio II – Uma Era de Oportunidades.

Em que você acredita? Quais são seus “Receios” para o ano de 2009? É certo que vivemos uma era de incertezas, ou seja, um paradoxo: quanto mais acesso a informação e ao conhecimento, menos sabemos daquilo que pode nos afetar no minuto seguinte. E o que é pior, de como reagir prontamente a todo tipo de ameaças vindas desse novo e mutável ambiente.

Estamos nos aproximando do final de 2008 e, se fizermos um balanço deste ano certamente a conclusão provável é que nunca as mudanças foram tão determinantes para nossas ações e reações. Senao vejamos...Crise financeira Mundial; Eleicao do Primeiro Negro da Historia dos EUA; Brasil presidindo o G20 e por ai vai...

Qual é sua crença? De que o mundo vai se aproximar mais e mais da destruição, idéia defendida pelo eminente cientista Britânico James Lovelock, para o qual já passamos do ponto de volta e que o aquecimento global, agora irreversível, fará com que Gaia (a mãe Terra) se vingue de nós e destrua 80% da população da Terra até 2029.

Ou será que entramos numa contagem regressiva para que a Nanorobótica, até 2029 também, possa criar engenhocas que “transitem” pela nossa corrente sangüínea para resolver parte de nossos males e até que num misto de “inteligência artificial” criemos uma geração de ciborgs ampliando exponencialmente a nossa capacidade de percepção e interação com o universo?

Independentemente do que acreditamos, e não faltarão “profetas e futurólogos”, o importante é o aqui e o agora. Como nossas empresas e nós, estamos aptos a reagir aos riscos e oportunidades ambientais e onde os conceitos e leis conhecidas estão mudando dramaticamente.

Em outras palavras, a sociedade do conhecimento, ao contrário do que se poderia prever, é um fator gerador de inquietação e incertezas e não o contrário. Mesmo que essa inquietação venha com um misto de desconforto e prazer, como eu disse: um paradoxo.

No artigo anterior, falamos do quanto a tecnologia e em particular, a internet, apimentou todas as nossas relações e que isso trouxe um desafio novo para o ambiente competitivo. Isso passou a exigir de cada um de nós uma postura inusitada de “desconstrução” da velha e quente realidade conhecida.

Ah! Que saudade do tempo em que os clientes dependiam de nós para obter informações dos produtos e serviços que eles “deveriam” demandar de nós. Bons tempos em que do mais sofisticado ao mais simples “consumidor” podia ser enquadrado tranquilamente em “escaninhos” de uma segmentação simples e facilmente gerenciável!

E dentro de uma nova realidade de grande imprevisibilidade, qual é a empresa mais perfeita que você conhece? Seria a sua...?

Ou seria uma empresa que tivesse um sistema de informações perfeito e que, mesmo não tendo hierarquias ou “chefes” reagisse às ameaças ambientais e respondesse, com assertividade, quase que instantaneamente? Uma empresa que se adaptasse, evoluísse e mudasse de acordo com o ambiente...

Pois bem essa empresa perfeita existe e é: o CORPO HUMANO!

Acredite, o mais idiota dos seres tem um organismo que, via de regra, interage perfeitamente com o meio ambiente e, por meio de um “sistema de informações” chamado sistema nervoso.

O sistema Nervoso, num processo químico chamado “sinapse”, transmite, em velocidades espantosas, um volume extraordinário de informações ao cérebro que seleciona, filtra e compartilha essas informações com o restante do corpo permitindo respostas imediatas.

Imagine que mesmo recebendo mais de 10.000 informações ambientais por segundo, o corpo seja capaz de tomar uma única decisão de contrair os músculos porque sua mão se aproximou de uma “chapa quente”. Pois é, é assim, simploriamente falando, que sua empresa CORPOR HUMANO funciona.

Ajustando-se e selecionando as ações necessárias para dar a resposta mais adequada às demandas do ambiente e na direção dos objetivos que o organismo estabelece conscientemente e não apenas respondendo ao meio.

Que tal fazer da sua empresa ou negócio uma EMPRESA NEURAL? Acreditem, estas serão as empresas a sobreviver, prosperar e tirar o maior proveito do atual ambiente onde as respostas nunca estão prontas, como era num saudoso passado recente.

Assim, vamos falar um pouco de como sua empresa ou você (pois cada um de nós é uma empresa, pois precisa se “vender” como um produto de valor) podem se tornar uma EMPRESA NEURAL, ou seja, que saiba recolher, selecionar, depurar e utilizar as informações para tomar as decisões “salvadoras” ou “Realizadoras” que o “campo de Batalha” requer.

Você se lembra do que falei no artigo anterior: “a batalha de mercado não é uma batalha de produto ou serviço e sim, de percepções”. Ora, estamos vivendo uma realidade onde as percepções estão mudando de uma forma como nunca antes e, nada indica, que esse processo determine uma realidade estável e controlável como no passado.

Logo, você e eu não temos mesmo escolha, e por conseqüência, nossos negócios vão ter que se ajustar a essa nova forma de “enxergar” o universo, como bem diria Charles Darwin “adapte-se ou pereça”.

Bem, amigos: fiquei pensando como poderia dizer isso pra vocês sem transformar este artigo num livro ou um tratado de administração. Confesso que o desafio é grande porque estamos falando de uma realidade “ruidosa” que desafia nossos conceitos há muito arraigados. E por outro lado, não tenho um “anestésico” para suavizar o que tenho a dizer para introduzir o assunto que não seja partir da seguinte recomendação:

PREPARE-SE PARA “DESCONSTRUIR” TUDO QUE VOCE PENSA SOBRE ADMINISTRAÇÃO E MARKETING!

Introdução ao conceito de AMPRESA NEURAL

Antes de mais nada, falamos que as crises são sempre ameaçadoras, mas representam uma abundancia de oportunidades que só dependem de como cada um de nos vai lidar com os riscos inerentes às mudanças e reposicionamentos necessários.

Empresa NEURAL é um conceito pelo qual uma empresa, estruturada de uma determinada forma, é capaz de reagir prontamente a um universo em mutação. Respostas Neurais são, portanto, uma capacidade adquirida e gerenciada que permite que uma corporação se comporte de forma semelhante a mais perfeita das organizações: o corpo Humano.

O universo da Informação

Um dos principais pré-requisitos para que uma empresa possa se posicionar como Neural é a incorporação de sistemas digitais de informações que lhe permitam captar, processar, depurar e distribuir informações pela empresa e fora dela, orientadas para decisões e ações imediatas, alem de servir de orientação para o planejamento de curto e médio prazo.

Assim como o corpo humano se utiliza dos sentidos, a empresa Neural se utiliza de estruturas de captação, gestão e distribuição estruturada de tal forma que a informação passa a ser algo natural, espontâneo e objetivo o que é possível realizar por meio de filtros adequadamente posicionados e operacionalizados pelos diversos setores da organização. Assim, a coleta e uso da informação estão distribuídas pela empresa (*) e fora dela. A maior parte das informações é operacional e não é propriedade de um departamento ou de determinadas pessoas.

O mais importante é que, como falei em artigo anterior, é que as tecnologias e ferramentas que permitem a criação, gerenciamento e compartilhamento das informações são cada vez mais acessíveis ou até mesmo gratuitas.

O fator Velocidade

Mais do que captar, reunir, agrupar, selecionar, distribuir e compartilhar informações, é necessário que esse processo seja rápido. Como dissemos um dos principais fatores chave de sucesso nos dias de hoje é VELOCIDADE. Isso significa que um dos objetivos desse sistema capilar de informações é obter respostas instantâneas ou até mesmo antecipar ações, evitando reações.

Um impulso nervoso pode atingir uma velocidade de 720 km/h e pode dar “saltos”, assim como já tivemos oportunidade de comentar. É possível construir redes que permitem estabelecer “movimentos quânticos” de passagem captar da informação (assim como o processo de permeabilidade celular presente na sinapse, realizada no sistema nervoso humano).

Mais uma vez vale a máxima da competitividade atual: “Os mais lentos, serão “devorados” pelos mais rápidos”, evidentemente aqueles que, em sendo rápidos tem um grau de assertividade que decorre de um sistema bem ajustado e capilarizado de informações operacionais e estratégicas.

O fator comportamento

Uma empresa Neural tem que ter em mente que o comportamento Universal está mudando dramaticamente. Não é possível, portanto, manter um comportamento gerencial válido que não passe por um processo ininterrupto de revisão do comportamento humano.

Os clientes detêm o domínio das informações (nossa e dos nossos concorrentes) e interagem em “redes sociais”, comunidades, cada vez mais importantes e capilarizadas.

Surge entre os “homens” a possibilidade e a liberdade de adoção de “papeis” simbólicos que antes praticamente não existiam. Ou seja, eu posso fazer parte de “qualquer tribo” desde que adote comportamento adequado a ela e interaja ativamente. Sem dúvida, este é um paradigma do comportamento que poucos estão conseguindo assimilar. E veja que ele “alarga” as fronteiras do consumo e determina um posicionamento simbólico com forte influência no “real”.

Se você ainda não pensou nessa realidade, reveja seus conceitos e corra, pois só quem já percebeu essa mudança está dando algum tipo de “salto” nos seus negócios.

De cliente é um parceiro

Quando falamos em sistemas informacionais digitais, certamente estamos falando no estabelecimento de “parcerias” com os clientes (e potenciais clientes) e fornecedores. Isso é um fato cada vez mais característicos das redes sobre as quais falamos.

Se você não está utilizando objetivamente essa possibilidade, creia, dificilmente vai obter uma boa qualidade no seu sistema de informações. Mais que isso, as “redes” externas são as que imprimem velocidade a sua percepção do universo competitivo e funcionam como escoadouro no processo de distribuição em rede.

Aprenda a estabelecer tais conexões e o que é mais importante, conecte-se ás pessoas ou grupos mais adequados em termos de qualificação dos imputs que você precisa receber, tratar e utilizar no seu dia a dia e mesmo no seu planejamento de curto e médio prazo (observem que estou evitando falar em longo prazo, que a meu ver, não faz mais nenhum sentido hoje em dia).

A nova engenharia de produtos (e do marketing)

Ainda relacionado ao tópico anterior, aprenda a estabelecer conexões com teus clientes e possíveis clientes, para ajudar no seu posicionamento de oferta de soluções. São eles que irão ter uma importância capital na sua engenharia de produtos e serviços.

Marketing ainda continua sendo a arte de perguntar aos clientes o que eles querem ou precisam, não invente: pergunte, existem muitas formas de fazer isso.

Depois peça ajuda a eles para desenvolver, testar, arredondar e distribuir. Um dos fatores diferencias de nosso ambiente competitivo é que o cliente quando é envolvido na “desconstrução” ou “construção” de um produto, torna-se um aliado na distribuição, e “de graça” ou a baixo custo, como já temos observado na indústria do software. Acredite isso vale para a grande maioria de produtos e serviços.

Um novo sistema de respostas

As empresas que aprendem em rede a definir com clareza quais são as “perguntas” certamente tendem a ser as mais rápidas nas respostas. Claro que, Respostas Neurais, pois estamos falando mais uma vez em velocidade.

Um bom sistema de respostas requer, portanto, um “novo” sistema de perguntas. Portanto, aprenda a perguntar e saiba ouvir as respostas. Existem muitas formas de perguntar, alias, nunca foram tão verdadeiras as afirmações de Roger Von Oech, em seu célebre livro um TOC na cuca, onde ele destrói a “teoria” da resposta cerca, afirmando que não existe, para nenhum problema, uma única resposta certa. Então, aproveite, saiba construir perguntas em rede e colete inúmeras respostas: você vai ficar impressionado com o que retorna desse tipo de ação de simplesmente aprender a escutar.

Reconstruindo a realidade Diariamente

O maior desafio que uma empresa tem na atualidade é desenvolver a arte de “desconstruir” porque sem isso, acaba ficando presa a conceitos e teorias de “sucessos”... do passado.

Imagine você acordar e descobrir que vai ter que “matar” o produto que foi criado na semana passada e que você sonhou que seria uma tremenda “vaca leiteira”. Pois é: lamento! Mas na nossa realidade competitiva esses acidentes acontecem, pois a velocidade com que as soluções estão sendo geradas em rede e produzidas em tecnologias de escala, acidentes acontecem mesmo, por mais que tentemos evita-los.

Aprenda a sobreviver aos acidentes. Mas acima de tudo, corre-se menos risco auscultando e consultando o mercado e suas redes do que arbitrando produtos e serviços em laboratório, sem consultar ninguém. Faça, portanto, uma leitura diária, semanal, mensal da realidade e aprenda a reagir no mínimo, sempre que não puder agir previamente.

O fator imprevisibilidade permanente (revendo posições sem parar)

Como disse no tópico anterior, temos que aprender a lidar com as imprevisibilidades. E foi por isso que eu evitei propositalmente de falar em planejamento de longo prazo. Se não conseguirmos agir e reagir no curto prazo que futuro pode haver nesse mercado de alta volatilidade, onde os produtos estão sendo geridos por mudanças comportamentais sem precedentes na história da humanidade? Aprenda a lidar com o imprevisto, como seu corpo faz. Mais uma vez, não basta se normal, tem que ser Neural.

Como evoluir de uma empresa Analógica para uma empresa Neural

Então você deve estar me perguntando a essa altura: como mudar de uma posição “analógica” para uma posição Neural?

Certamente, como diria Roger Von Oech: “não existem respostas únicas”, mas certamente, o grande desafio para uma mudança de paradigma certamente caminha pela “Desconstrução” da realidade conhecida e que imprimiu em todos nós hábitos muito arraigados.

Mas imagine a postura de um “fumante” que foi ao médico e teve o seguinte diagnóstico: “Ou muda de hábitos ou morre”. Dentre os caminhos possíveis você tem um ex-fumante no dia seguinte ou alguém que está com os dias contados. Portanto, é uma questão de decisão mesmo. As ações nos nossos dias passam pela construção de sistemas digitais de informação e pela construção de sistemas capilares de distribuição dessa informação onde as pessoas são preparadas e estimuladas a tomar decisões face aos riscos e oportunidades ambientais.

Conclusões parciais

Bem, é claro que as conclusões são do leitor. Até o próximo artigo, possivelmente falando um pouco mais sobre a Questão das mudanças de Comportamento numa era de empresas Neurais.

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