quinta-feira, 11 de dezembro de 2008


Empresas “Na Velocidade Do Pensamento”

Episódio I – Uma era de riscos e incertezas

No artigo anterior, comentei sobre a necessidade que as empresas têm, de criar e gerir modelos de integração em rede como forma de manter-se “vivas” no difícil jogo dos negócios atuais. Afirmei que vivemos num ambiente em que os sistemas de informação, principalmente com base no processo de integração e interação em rede, do ponto de vista sistêmico, determinam o grau de adequação relativamente a cada segmento de mercado.

Entendam-se sistemas de informação como: um repositório permanente e personaliado para um novo ambiente do conhecimento competitivo onde é preciso construir e manter um fluxo permanente de dados e informações; filtrar; reprocessar; abrsorver e ou descartar imputs estratégicos e operacionais.

A arte de filtrar informações para tomar decisões e agir rapidamente tornou-se condição essencial para a competitividade, consequentemente para a sobrevivência empresarial. Só que é cada vez maior o número de variáveis, do ponto de vista quantitativo, o que nos traz um desafio monumental do ponto de vista qualitativo, ou seja, como estabelecer os filtros mais adequados que possam imprimir velocidade e assertividade às decisões que devem orientar as nossas ações estratégicas e operacionais?

Imagine esse contexto quantitativo onde estudos, como por exemplo, os realizados pela EMC Corp a qual concluiu que a Humanidade levou 40.000 anos para gerar cerca de 12 Bilhões de Gigabytes de informação e que somente no ano de 2006 foram gerados no planeta cerca de 161 Gigabytes de informação, ou seja, algo que equivaleria a três milhões de vezes a quantidade de livros escritos em toda a historia da humanidade.

Por esse estudo, a EMC Corp e o IDC, por exemplo, projetam um incremento anual da ordem de 57% nos volumes anuais de informação entre 2006 e 2010, ou seja, chegaremos a uma geração anual em 2010 da ordem de 988 Bilhões de Gigabytes. Falamos, portanto, de um extraordinário desafio para nossos sistemas de informação em termos de capacidade para acomodar e tratar, mas acima de tudo, para a nossa capacidade de “digerir” tamanhos volumes informacionais e fazê-los aliados de nossos desafios empresariais.

Se informação é por princípio, um dos elementos chave do marketing estamos falando de um processo de comunicação sem precedentes, principalmente pelo fato de que 70% dessas informações são e serão geradas por indivíduos e não por empresas, como é possível verificar nos números apurados:

• São mais de 100 milhões de uploads de vídeos por dia somente no Youtube;
• Compartilhamos mais de 1 bilhão de arquivos mp3/dia;
• Celulares geram mais de 100 milhões de imagens diariamente;
• Geramos em 2006 cerca de 250 bilhões de imagens digitais (entre câmeras e Celulares), capturadas por mais de um bilhão de dispositivos;
• Cerca de sete milhões de páginas web são geradas por dia;
• A cada segundo, são incorporados à web dois novos blogs;
• Passamos de 253 milhões de contas de e-mail em 1998 para cerca de 1.6 bilhões na atualidade
• Tais contas geraram cerca de 6.000 Gigabytes de informação em suas mensagens;

Assim, também temos as seguintes projeções para 2010:

• Geração de mais de 500 bilhões de imagens por dia;
• Deveremos ter mais de 250 milhões de contas de mensagens instantâneas do tipo MSN, AIM, etc.;
• Passaremos dos atuais 1.6 bilhão de usuários de Internet para cerca de 2.1 bilhões (onde 60% são de banda larga hoje);

Mas para piorar, ou “melhorar” esse quadro superlativo e caótico de variáveis, temos um cenário onde o comportamento humano é talvez a mais importante variável na equação de negócios e mercados. Ou seja, o comportamento humano, fruto dessa evolução multimeios e da própria inteligência humana que, uma vez compartilhada gera mais e mais inteligência, propõe uma nova visão para problemas antes isolados e restritos a ambientes acadêmicos. Ou seja, amplia-se a visão de mundo desencadeando uma mudança importante no comportamento das pessoas ao redor do planeta.

Como diriam Al Ries e Jack Trout, em seu célebre best seller “As 22 consagradas Leis do Marketing”, “Marketing não é uma batalha de produto, é uma batalha de percepção”. Ora, se estamos falando num “cliente” cada vez mais informado e “interativo”, evidentemente estamos falando num quadro onde as percepções estão mudando rapidamente, enquanto a engenharia de produtos continua lenta como sempre.

E nem estou defendendo mudanças radicais de percepção do tipo “Física Quântica”, como as do clássico “What the bleep do we know” (algo que traduzindo fica assim como: Quem somos nós, afinal?), apenas para citar uma das inúmeras “correntes” que circulam pelo planeta. Mas o certo é que vivemos uma transição onde mudanças radicais nos paradigmas pelos quais percebemos o próprio universo e sua realidade estão em marcha.

A circulação e “democratização” da informação mudaram dramaticamente o eixo da comunicação e o poder migrou de lado, ou seja, é o cliente que tem acesso a todas as informações e, a dura constatação é a de que o ambiente de relacionamento Digital é um fator determinante em qualquer atividade empresarial de hoje. Não é, portanto, uma decisão pessoal, empresarial ou setorial.

Como diria Michael Porter, a Internet permite que os ganhos processuais corporativos sejam apropriados de imediato pelos clientes, de tal forma que a margens de lucro tendem a diminuir ou até mesmo desaparecer ou pior, virar do avesso. Isso pode certamente, representar a falência de inúmeras corporações, pois não existe a menor possibilidade de que algum negócio venha a prosperar sem se submeter à “ditadura” do ambiente digital e suas regras.

Paralelamente, e também podemos nos ancorar no brilhante trabalho de Porter em seu livro “A Vantagem competitiva das Nações” que, pessoas, Corporações e Países estão igualmente submetidos a essas leis ambientais que determinam a capacidade de competir, prosperar e, num sentido ainda mais dramático, sobreviver a essa nova realidade competitiva que irá exigir mais e mais preparo de todos a cada dia. Será também o caso de perguntarmos: O que o Governo Brasileiro está realmente fazendo para ampliar a capacidade competitiva do Brasil, frente a outras Nações? Certamente este é um tema que podemos discutir em um novo artigo...

Mas, a idéia era mesmo falar de todo esse turbilhão de informações que determinam uma resposta rápida e assertiva em relação aos riscos e oportunidades que esse novo ambiente nos traz. Então a “pergunta que não quer calar” é: que tipo de empresa pode ser mais adequada (e a história da própria civilização é uma história de adaptabilidade para sustentabilidade e sobrevivência) a ponto de, não apenas sobreviver mas também de prosperar e nesse contexto?

Como tudo na vida, não há uma única resposta, mas por certo, um dos principais pré-requisitos para que isso ocorra é a percepção do ambiente e seus riscos e a forma rápida como essa nova empresa responde a tais desafios e ameaças e; é claro, oportunidades. Em outras palavras, estamos falando de empresas que, como disse Bill Gates funcionem na “Velocidade do Pensamento”.

No Livro homônimo lançado em 1995, ele dizia “Os negócios vão mudar mais na próxima década do que mudaram nos últimos 50 anos” e destacava aspectos como:

• “A capacidade de se adaptar adequadamente determina o sucesso” e eu digo, não só o sucesso, mas a sobrevivência;
• “Todas as empresas tem duas opções: incorporar as inovações tecnológicas ou ficar para trás”, e eu digo, só há uma opção a outra é perecer o que convenhamos, não é opção;
• “A empresa que dispor de um Sistema Nervoso Digital capaz de fazer todas as perguntas e dar todas as respostas na hora exata ...” e eu digo, ele está certo quando a um sistema nervoso digital mas estamos agora tentando descobrir “quais são as novas perguntas”, alem do quê os sistemas digitais estão distribuídos ao redor do planeta e não se restringem apenas aos sistemas internos das empresas.

Ou seja, o Bill Gates estava certo, apenas subestimou o tamanho da mudança e a velocidade e alcance dessa mudança...senão a Microsoft não teria sido “engolida”pelo Google (e essa história vale outro artigo).

Helloooooouuu!!!!
Já se passaram 12 anos das “profecias” do Bill Gates, assim como decorreram 10 anos das minhas primeiras palestras onde também fizera as minhas “profecias” sobre “redes sociais” e interatividade.

Nesse meio tempo, fomos todos superados em nossas previsões, pois a velocidade e a abragencia das mudanças provocaram uma radical desestruturação dos modelos conhecidos de ação e reação na grande maioria dos negócios. Não sei se você percebeu a sutileza da minha colocação: é evidente que hoje temos que pensar em termos de reação e ação, pois na verdade nossa interação sistêmica num universo altamente conectado determina uma visão integracionista que só pode demandar uma postura absolutamente neural.

E já que chegamos nesse ponto, acredito que um bom exercício agora é determinar mesmo experimentalmente o que venha a ser uma EMPRESA NEURAL, que diferentemente da proposta de apresentar um Sistema neurológico Digital, deve se comportar como um corpo multifacetado e permeável, interativo e interagente com infinitos outros sistemas, mas ainda assim, neural.

Essa é a proposta a ser apresentada na segunda parte deste material. Estou falando do próximo artigo, intitulado Empresas na “Velocidade do Pensamento” – Episódio II – Uma Era de Oportunidades, onde poderemos avaliar posturas e alternativas competitivas num ambiente como o que foi descrito nesta primeira parte.

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