quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

CRÔNICAS DE VERÃO - UM


Quando defendo a preservação do planeta, tenho sempre em mente como essa nossa casa e linda e me sinto feliz em poder contemplar todas as dádivas que “Gaia” nos da. Mesmo em viagens “virtuais” que hoje, mais do que em qualquer outro tempo, podemos fazer a partir do advento da Internet, podemos desfrutar toda exuberância da Terra e, simplesmente, nos sentirmos gratificados por existir. Mas hoje, neste exato momento, caminho pela bela praia de Jurere enquanto minha linda filha Enya, de 10 anos, pega ondas com sua pranchinha de bodyboarding.

Não por acaso, quando vim morar pela primeira vez em Florianópolis, me apaixonei pelo lugar. Corria o ano de 1986 e, em meio ao “Plano Cruzado”, ocasião em que ficou tão evidente o desejo de empresariar do brasileiro. Lembro que as pessoas, aos milhares, deixavam seus “empregos” e a “segurança” da carteira assinada para abrir pequenos negócios. Naquele momento da nossa historia, com uma brutal monetização da economia e os preços congelados, qualquer coisa que você oferecesse no mercado, tinha uma fila de gente querendo comprar.

Lembro que acordava bem cedinho e ia logo pra praia, num horário que a maioria das pessoas ainda dormia. Caminhando pela praia, ia recolhendo conchas e outros artefatos que a maré trouxera durante a noite e depositara na praia. Eram raízes, troncos, pedaços de embarcações que eu recolhia para extravasar, como uma espécie de terapia, minha veia criativa, aquele que todos temos e que um dia, na infância longínqua, produzira suas obras perdidas no tempo, mas não em nossa memória. Com esses dejetos, criava esculturas e outras coisas malucas que nunca mais encontrei, depois que me mudei...

Depois veio a ressaca do plano cruzado e os efeitos que sempre advêm de maluquices como aquela quando tenta-se abolir as “leis da Gravidade, ou do mercado” como se isso fosse possível. Daí o que vimos foi uma quebradeira geral e quase que a totalidade daquelas empresas, filhas do “Cruzado” naufragaram, levando consigo tantos e tantos sonhos. Mas ficou a linda constatação da capacidade e do desejo empreendedor que acalenta e continuara a acalentar novos sonhos que aos poucos vão se materializando de um jeito ou de outro.

Mas o que eu queria realmente dizer e que, mais do que ser um morador da Terra, eu me tornei um apaixonado por ela e pelos seus contornos, nuances, cheiros e, particularmente, me apaixonei por Florianópolis, minha querida Floripa.

Mas, lembro que, num belo dia de 1988, ao receber uma ligação do Paulo Guilherme, meu amigo pessoal e então Presidente do Banco, dizendo, naquele velho “canto de sereia”, que pelos resultados atingidos na Diretoria Santa Catarina, a meu cargo, eu estava recebendo um “desafio maior” (assumir a diretoria que abrangia todo o ABCD Paulista e ia ate a Baixada Santista).Minha “casa caiu” e meu sonho virou pesadelo, apesar de que profissionalmente, poderia se entender que eu estava sendo, de alguma forma, “promovido”.

Bem, o que aconteceu daí em diante, pelos próximos 7 anos, da mesmo pra escrever um livro, mas o fato e que naquele mesmo dia de um Agosto de 88, nasceu um “plano secreto” para mudar radicalmente meu destino e retomar o leme de meu barco.

O certo e que hoje, como nesses dias ensolarados de verão, caminho pela praia saboreando a Natureza Exuberante da minha ilha. A tarde, como sempre, uma agenda atribulada e cheia de desafios, os desafios de um ano que, para alguns ainda nem começou.

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